Não sei se já pararam pra pensar em quantas espécies diferentes de flores existe no mundo. Temos a beleza da margarida, o perfume das rosas, a singularidade e o charme do copo de leite. Todas são flores, mas podemos perceber em cada uma delas algo único, que acaba a tornando especial. Acredito que em nosso cotidiano aconteça o mesmo, com as pessoas que nos cercam.
Certa vez, caminhando sozinha pela rua, pude perceber que o detalhe que nos distingue um do outro nem sempre é tão pequeno, e é exatamente aí que se torna irrelevante. Complicado? Eu explico.
Era cedo, quando parei meu carro uma rua antes do meu trabalho. Pela falta de vagas desocupadas perto do prédio, fui obrigada a caminhar um pouco mais, por um caminho que para mim, até então, era desconhecido. No entanto, o que mais me chamou a atenção não foi a feiúra ou estranheza do local, mas sim a quantidade de crianças que dormia em cima dos jornais, utilizados para cobrir o chão. A partir daí comecei a me ater para a explicação da questão disposta acima.
Sempre foi defendida a idéia de que a diferença é algo normal, que devemos conviver e aceitar cada uma delas. E eu não digo que esse ideal esteja de todo errado. Pois acredito que existem sim detalhes que devem ser desconsiderados, como a cor, ou a religião de alguém que de alguma forma acaba de se aproximar de você.
Mas eu, que tenho onde dormir e que hoje pude escolher o que comer no almoço, sou sim diferente daqueles meninos que, com os olhos cheios de água, me pediram ajuda na ida pro trabalho. Eles dividiam espaço com ratos que mais pareciam gatos, e eram obrigados a conviver com o cheiro insuportável que saia do esgoto sem tratamento. Ali, amontoados junto a parede, eles arrumavam suas caixas, que mais tarde usariam para guardar as balas vendidas no sinal. Nunca apanhei da minha mãe, nem fui assediada pelo meu padrasto, como também nunca precisei tentar dormir na rua e de madrugada acordar com baldes de água quente jogados sobre o meu corpo, por alguém que nunca me viu, ou pelo menos nunca me enxergou realmente. Eu sou sim diferente dos personagens dessas histórias que mais parecem ficção, mas que ocupam as ruas de nossa cidade, mesmo que no anonimato. Pude escutar cada uma delas, e a cada nova palavra que essas crianças me diziam, um pouco delas ficava em mim.
E eu também sou diferente daqueles que, apenas sentados em suas enormes cadeiras, recebem muitos mil em seus escritórios distintos. São sim, eles diferentes de mim, que todo fim de mês conto as economias guardadas para cobrir a mensalidade da universidade, enquanto eles para estarem ali muitas vezes nem chegaram a freqüentar uma. Não pretendo falar de justiça, acho que depois dos fatos expostos, as palavras não são mais tão necessárias. Mas agora sou eu quem pergunta. Realmente todas as diferenças devem ser respeitadas e aceitas? Realmente devemos fingir que não há nada demais acontecendo, que essa é só mais uma diferença que deve ser relevada?
Inúmeras vezes voltamos nossos olhos para julgar as diferenças erradas. Reclamamos das alterações de cor ou raça, de opções sexuais, inferioridade intelectual e esquecemos que enquanto isso, existem distinções que nos separam cada vez mais um do outro. Nos privam do toque, algo que para mim é tão importante. Convivemos com pessoas que nem nos damos o trabalho de conhecer, nós vemos todos os dias milhares de seres humanos, mas quanto será que realmente enxergamos?
São essas diferenças que nos impede de caminhar pela rua, com medo de ser assaltado, por aqueles que geralmente buscam caminhos perigosos em busca de uma vida melhor. É essa a maior diferença entre nós, a desigualdade social, e é a que dá origem a outras inúmeras desigualdades que parecem tomar conta do mundo e tapar o olho de todos aqueles que hoje ocupam aquelas tal cadeiras gigantescas, lembra? Em seus palácios caros, fechados e defendidos de tudo e de todos os outros.
Certa vez, caminhando sozinha pela rua, pude perceber que o detalhe que nos distingue um do outro nem sempre é tão pequeno, e é exatamente aí que se torna irrelevante. Complicado? Eu explico.
Era cedo, quando parei meu carro uma rua antes do meu trabalho. Pela falta de vagas desocupadas perto do prédio, fui obrigada a caminhar um pouco mais, por um caminho que para mim, até então, era desconhecido. No entanto, o que mais me chamou a atenção não foi a feiúra ou estranheza do local, mas sim a quantidade de crianças que dormia em cima dos jornais, utilizados para cobrir o chão. A partir daí comecei a me ater para a explicação da questão disposta acima.
Sempre foi defendida a idéia de que a diferença é algo normal, que devemos conviver e aceitar cada uma delas. E eu não digo que esse ideal esteja de todo errado. Pois acredito que existem sim detalhes que devem ser desconsiderados, como a cor, ou a religião de alguém que de alguma forma acaba de se aproximar de você.
Mas eu, que tenho onde dormir e que hoje pude escolher o que comer no almoço, sou sim diferente daqueles meninos que, com os olhos cheios de água, me pediram ajuda na ida pro trabalho. Eles dividiam espaço com ratos que mais pareciam gatos, e eram obrigados a conviver com o cheiro insuportável que saia do esgoto sem tratamento. Ali, amontoados junto a parede, eles arrumavam suas caixas, que mais tarde usariam para guardar as balas vendidas no sinal. Nunca apanhei da minha mãe, nem fui assediada pelo meu padrasto, como também nunca precisei tentar dormir na rua e de madrugada acordar com baldes de água quente jogados sobre o meu corpo, por alguém que nunca me viu, ou pelo menos nunca me enxergou realmente. Eu sou sim diferente dos personagens dessas histórias que mais parecem ficção, mas que ocupam as ruas de nossa cidade, mesmo que no anonimato. Pude escutar cada uma delas, e a cada nova palavra que essas crianças me diziam, um pouco delas ficava em mim.
E eu também sou diferente daqueles que, apenas sentados em suas enormes cadeiras, recebem muitos mil em seus escritórios distintos. São sim, eles diferentes de mim, que todo fim de mês conto as economias guardadas para cobrir a mensalidade da universidade, enquanto eles para estarem ali muitas vezes nem chegaram a freqüentar uma. Não pretendo falar de justiça, acho que depois dos fatos expostos, as palavras não são mais tão necessárias. Mas agora sou eu quem pergunta. Realmente todas as diferenças devem ser respeitadas e aceitas? Realmente devemos fingir que não há nada demais acontecendo, que essa é só mais uma diferença que deve ser relevada?
Inúmeras vezes voltamos nossos olhos para julgar as diferenças erradas. Reclamamos das alterações de cor ou raça, de opções sexuais, inferioridade intelectual e esquecemos que enquanto isso, existem distinções que nos separam cada vez mais um do outro. Nos privam do toque, algo que para mim é tão importante. Convivemos com pessoas que nem nos damos o trabalho de conhecer, nós vemos todos os dias milhares de seres humanos, mas quanto será que realmente enxergamos?
São essas diferenças que nos impede de caminhar pela rua, com medo de ser assaltado, por aqueles que geralmente buscam caminhos perigosos em busca de uma vida melhor. É essa a maior diferença entre nós, a desigualdade social, e é a que dá origem a outras inúmeras desigualdades que parecem tomar conta do mundo e tapar o olho de todos aqueles que hoje ocupam aquelas tal cadeiras gigantescas, lembra? Em seus palácios caros, fechados e defendidos de tudo e de todos os outros.
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