quarta-feira, 27 de maio de 2009

O primeiro passo pode ser o seu

Um levantamento feito pelo Instituto Superior de Estudos da Religião do Rio de Janeiro, junto a Johns Hopkins University, constatou que em nosso país existem mais de 200 mil instituições sem fins lucrativos, congregando cerca de 10 milhões de voluntários e prestando atendimento a, pelo menos, ¼ da população brasileira.
No Brasil, o Estado atende uma parcela restrita da sociedade, fazendo com que inúmeros cidadãos fiquem sem a assistência devida. Muitas dessas instituições nascem com o desejo de dar a estas pessoas a oportunidade de terem seus direitos respeitados.
Mesmo com o terceiro setor sendo o segmento que mais se desenvolve no Brasil, ele não consegue dar assistência a todas as classes marginalizadas socialmente. Estudos realizados pela Pesquisa Econômica Aplicada (IPAE), junto com outras entidades importantes, mostraram que os grupos preocupados com a defesa dos direitos humanos são os que mais crescem dentro do terceiro setor.
No Brasil, o tempo que se leva para criar uma associação beneficente é extremamente longo, comparado a países desenvolvidos. Em lugares como a França, por exemplo, as questões burocráticas são resolvidas em poucos meses, para que assim a entidade passe a agir mais rápido na sociedade. Aqui a espera por todas essas resoluções chega a durar anos, o que pode causar a desistência por parte dos criadores.
Maria Lourdes, uma das fundadoras da Associação DF Down, afirmou que o tempo de espera para a legitimação do projeto foi grande. A associação começou a ser pensada quando sua filha, Lia Luiza, nasceu em 2004, mas devido aos trâmites legais só puderam começar a atuar no início de 2007.
Lia nasceu com Síndrome de Down e Lourdes por algumas vezes foi incentivada pelos médicos a tirar o bebê. Sem se deixar abater pelos conselhos dos profissionais ela levou a gravidez até o fim, e percebeu que a filha seria amada de qualquer forma. Maria Lourdes contou que desde o primeiro dia que soube que seu bebê nasceria com má formação genética decidiu não chorar mais, ela queria agir. Hoje, com a sua experiência de vida, além de coordenar a Associação DF Down, e integra a coordenação do Instituto Meta Social.
O Meta trabalha com projetos de divulgação, visando a inclusão de pessoas com deficiências. O Instituto nasceu com a conversa descontraída de Helena Werneck e Patrícia Heiderich, ambas com filhas com SD. Lourdes que recentemente passou a coordenar o Meta em Brasília afirmou que a integração de instituições assim é capaz de falar mais alto e atingir os ouvidos do governo.
Junto com Maria Lourdes trabalham inúmeros voluntários, mas ainda não o suficiente. A associação pretende criar um espaço com médicos que atenda crianças com Down que não tenham condições. Em Brasília o único hospital público direcionado para o atendimento exclusivo dessas pessoas conta com um atendimento incompleto. “Eu pensei nisso aqui não foi para a Lia, graças a Deus eu tenho condições de levá-la aos melhores médicos, eu luto pelos que não tem as mesmas condições que eu”. São com pensamentos e iniciativas como a de Lourdes que nascem as associações do terceiro setor, com a intenção de levar os direitos básicos àqueles que não recebem assistência do governo. Essas instituições não visam fazer o trabalho que era pra ser feito pelo Estado, por obrigação. De acordo com Lourdes a luta deles é por respeito, tanto do governo, quanto da população.

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