quarta-feira, 27 de maio de 2009

Meu amigo tá na tevê

De segunda a sábado a estória é sempre igual. Pontualmente, ás 19h, escuto a mesma reclamação, caso o jornalista responsável pela apresentação do jornal não atenda pelo nome esperado. Na verdade, nunca entendi muito bem o porquê de tanta simpatia com um ancora que divide opiniões no mundo jornalístico. Famoso por seus comentários ousados e sua seriedade inquestionável, o jornalista da rede globo nem imagina a reação tida por Nayara toda vez que critica alguma coisa na televisão.
A garota, que sai logo cedo para a faculdade, cursa administração há dois anos. Quando chega em casa para o almoço, não tem muito tempo para sentar-se à frente da tevê para acompanhar o noticiário. À noite, quando chega do trabalho, a primeira coisa que faz é correr para sala e se juntar à família que se reúne todos os dias para observar a segunda edição do telejornal com as principais notícias do dia. E quando, por algum motivo, Alexandre Garcia não ocupa a bancada, a frase é sempre a mesma.
- Ah não! Cadê o Xandão?
Já tentei discutir e colocar na cabeça dela que ele nem sempre pode apresentar o DFTV, mas que, se ela tiver sorte, quem sabe o veja no Jornal Nacional. No lugar do charmoso William Bonner e sua simpática esposa.
O fato é que a imagem dos apresentadores de telejornais acaba conquistando sucesso e muitas vezes são comparados a celebridades. O público, por sua vez, tende a estabelecer uma intimidade com o profissional que diariamente entra em sua casa sem precisar pedir licença. Eles estão ali, nas más ou nas boas notícias. E, talvez pelo aparelho de tevê ocupar quase 90% dos lares brasileiros, essa relação entre espectador e jornalista torna-se mais evidente que nos outros meios.
Já perdi a conta de quantas vezes o telefone tocou em meio a notícias trágicas. Ao telefone freguesas da vovó querendo um blazer com a gola igual a do casaco da Fátima Bernardes ou um lenço com o corte do que está sendo usado pela Ana Paula Padrão no outro canal.
Acaba que o repórter ou apresentador passa a ser como um conhecido que lhe conta algo importante, dita moda e cortes de cabelo. Uns com mais credibilidade que outros. Outros com mais afinidades que um. Mas todos conhecidos demais para serem simples intermediadores entre o fato e o telespectador.

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