quinta-feira, 29 de maio de 2008

Pai


Quando vejo essas fotos lembro-me de tua importância, de tua singularidade e de palavras que só tu me disseste.Mergulho em minhas lembranças e revivo cada noite que passávamos acordados brincando, lembro-me de nossas conversas e das vezes que em minha frente se pôs a chorar.És, de todos, o meu preferido herói. Que me ensinou a andar, a falar, me amou e, pacientemente, me ensinou a amar.Palavras nunca irão resumir a dimensão que tens em minha vida. Pois por tua causa, morro de saudades de minha infância. E juro que se eu pudesse voltaria às fraldas para tê-lo comigo de novo. Sorrindo, brincando e até apanhando em meu lugar.Apesar de cada briga ou puxão de orelha, amo demais o senhor, Pai. Mesmo quando reclama pelo tamanho do meu short, quando implica com o novo namorado, ou até quando diz que só te procuro pra pedir dinheiro, quando aquela voz atende ao telefone e pergunta quem é e quando fala o meu nome diz: grande merda! Não sabe como me faz feliz, eu sem duvidas não seria a mesma sem esses detalhes, o meu amor não seria tanto.Eu tenho a certeza que serei a eterna princesinha do papai e esse cargo ninguém me tira. Não vou negar que a saudade as vezes aperta demais, então dói. Mas sei, não só por ter repetido inúmeras vezes sem nem se preocupar com as horas, eu sei que tu me amas. E só Deus sabe como eu o amo também, e só Ele sabe o quanto me orgulho por ter como pai Fernando Alves Pereira. Eu agradeço sempre pelo amor, dedicação, atenção e paciência que a mim tu dedicaste há quase 19 anos.Sei que não é fácil, as vezes nem eu me agüento, mas ainda não terminou, mas obrigada Pai, por ser meu Pai e por me permitir tê-lo como herói.Amo-te de uma maneira única e quero sua eterna felicidade, porque só assim a minha será completa. Não importa se não te vejo todos os dias, por mais que isso me machuque, sei que essa é sua vida e tem um ovo caminho agora, mas também tenho consciência de que faço parte dele.Tudo o que tenho a falar é obrigada. Com a esperança que nessa simples palavra eu consiga expressar exatamente tudo o que sinto.Pai, eu cresci e aprendi a andar, mas saiba que ainda estou aqui se quiser brincar. Independente, do tempo, sempre vou precisar do senhor.

A primeira vez a gente nunca esquece

Ainda lembro que aquela situação muito me constrangeu, não sabia como fazer, não entendia qual seria a reação da pessoa, e o pior, as palavras quase não saiam. Mas depois que fiz a primeira pergunta, a entrevista ficou mais tranqüila. Foi um trabalho da minha aula de comunicação integrada. Uma matéria que cursei ainda no primeiro semestre. Eu ainda não estava bem certa se aquele seria mesmo a profissão que iria seguir, não compreendia se ela seria a certa para mim. A professora pediu para que cada grupo, com cerca de três alunos, criassem um empreendimento, no final do semestre teríamos que apresentar a ela como isso seria. Eu e mais uma colega decidimos criar um site jornalístico, essa página traria informações, reportagens e dicas sobre pessoas com deficiências. No site trabalharíamos com a inclusão dessas pessoas em meios de comunicação. Eu e Keka, minha companheira de trabalho, teríamos, então, que apresentar para a professora uma primeira edição de nosso site. Decidimos dividir as tarefas e ela, como tem bastante conhecimento sobre o assunto, me passou alguns contatos que eu deveria entrevistar para fazermos matérias para o site. A primeira pessoa foi uma das coordenadoras de um instituto, bem conhecido nacionalmente, que faz trabalhos com crianças com deficiências. Eu fiquei muita apreensiva, fiquei com medo da reação da entrevistada, não sabia se ela me trataria bem ou se acharia minhas perguntas coisas sem noção. Mas foi tudo contra minhas expectativas, Ana foi uma pessoa muito gentil e insistiu que se eu precisasse de algo mais poderia procurá-la sem nenhuma preocupação. Ainda hoje quando vejo nas novelas o nome da instituição falo para todos sobre a minha entrevista com a coordenadora.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Mãe


Ontem quis saber por que nunca escrevi pra você A resposta nem eu sabia qual eraMas talvez seja por que é teu todo o meu amorOu pelo menos a maior parte delePor ti nunca senti raiva, ou decepçãoTalvez um ou alguns aborrecimentos Mas a verdade é que eles sempre passam, e em alta velocidadeEles duram no máximo um dia Até eu perceber que não tem como me aborrecer com alguém que me deu a vida. E digo isso em todos os sentidos. Você me pôs no mundo, me ensinou a vê-lo, entendê-lo e enfrentá-lo, ainda hoje faz isso. Me diz quando preciso ser forte e me lembra que tenho a melhor mulher do mundo pra me ajudar ou apenas pra me proteger em seus braços.Desde o dia em que eu nasci você me deu a sua vida, e faria isso quantas vezes fosse preciso.Você me mostra todos os dias que é meu todo o seu amor. Ao fazer meu toddy, preparar meu almoço, me deitar em seus braços e me fazer dormir quando to chorando. Suas palavras me acalmam e basta pronunciar as palavras “ meu anjo” que todo o seu amor vem à tona. E quando eu cair quem irá me levantar? Quando eu tiver sono quem irá me ninar? A resposta será sempre a mesma, minha mãe. Você é tudo o que eu tenho, tudo o que eu preciso. É minha melhor amiga, a que melhor me conhece, até melhor que eu. Contigo brinco, dou risada, brigo, faço palhaçada. Você é minha vida e, talvez, por isso não precise dizer nada. Porque lhe conto tudo sempre. Você conhece minhas queixas, meus inúmeros exageros, minhas manhas, meus dengos, meus defeitos. Somos como uma. Somos a vida uma da outra. Por ti eu respiro, eu vou ao médico, eu vou à escola. A sua opinião é a que mais me importa, mesmo que às vezes ela me jogue lá pra baixo. Para mim a melhor coisa que tem é te ver bem, te fazer sorrir. Você guarda cada história da minha vida e as conta com um brilho singular. Fala de mim como se eu fosse um tesouro, e como me sinto bem quando faz isso. Eu nunca escrevi para ti, por que nunca serei capaz de explicar o que sinto por você. Nunca saberei, com palavras, explicar o que és em minha vida. Talvez a melhor palavra para fazê-lo é usar a própria palavra, vida. Resta-me dizer que você é tudo pra mim. Minha maior alegria, minha melhor companhia, o ser sem o qual eu não viveria jamais. Você é tudo o que tenho, e tudo o que eu preciso. Te amo, mais que tudo na vida, mais que tudo!

Confusão


06h40min algo começa a cantar, como já estava previsto, eu me assustei, também pudera a música não era das melhores. Acontece que nunca tinha me acontecido nada igual. Eu dormia, um sono bom e profundo, quando de repente, como se alguém me chamasse eu acordo, como seu tivessem me dito: “Ei, ta na hora!”. Eu obedeci, abri os olhos e os esfreguei um pouco para que pudesse enxergar melhor. Ao tentar me espreguiçar e esticar todo o meu corpo, meu pé bate em algo, algo que eu não sabia o que podia ser. Não me lembrava de ter deixado alguma coisa ali ao ir dormir, quando levanto, depressa e curiosa, tem um alguém sentado na beira da cama, quase para cair e outra pessoa ocupava a cadeira do meu computador, esse eu já conhecia, era um amigo de meu primo que costumava freqüentar minha casa. Minha mãe chega no quarto e como toda vez, falou: “Meu bebê acordou!”. Eu não entendia o que aqueles dois faziam ali em plena 09h00min da manhã. Aquilo não me importava, afinal eu já tinha perdido o sono mesmo, já havia acordado e nem se lembrava do meu sonho.
Nunca tive o costume de falar assim que acordo, sem, antes, escovar os dentes. Levantei da cama e fui direto para o banheiro, sem falar ou olhar para ninguém. Quando volto com o rosto lavado e os dentes limpinhos, cumprimento os garotos e percebo que o sentadão na cama, aquele que havia perturbado meu sono, não era de se jogar fora, ele começa a puxar assunto, mas aquele barulho estranho, aquele canto chato não deixava que eu o escutasse bem. Quando fecho os olhos e os abro rapidamente, não há mais ninguém no quarto, muito menos na beirada de minha cama. Com freqüência tenho a desagradável surpresa de estar vivendo em um sonho, um sonho que evapora ao abrir de meus olhos.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

O que eu precisava

Ele sempre me disse que não queria se apaixonar. Confessou-me isso quando olhava pra mim apenas com olhos de um grande amigo, que às vezes mais parecia irmão. Eu conhecia cada um de seus romances malucos, sabia o nome de cada paquera sem importância. Realmente ele tinha o jeito de quem nunca iria se apaixonar. E eu, uma menina boba, que acreditava que ficar perto e fazendo-o acreditar em mim tudo mudaria, e seria mais fácil ele olhar pra mim de uma maneira diferente. Mas aquela noite foi diferente. O relógio marcava 11h26min, eu tinha acabado de tomar banho, escovar os dentes e vestir meu pijama do Mickey que viera acompanhado por uma aconchegante pantufa preta com detalhes brancos. Eu já havia colocado o filme que eu assistiria naquela noite, mais um de tantos outros que ocupava minha cabeça nas noites de sábado. De repente tocam a campainha, eu, com medo, prefiro não atender. Então vou até a cozinha pego o interfone e com a voz tremula pergunto: - Quem é que ta aí?
A voz responde rápido.
- Sou eu amor, abre!
Ele insistia em me chamar assim, sem saber que aquilo me deixava confusa.
- Ian, o que faz aqui uma hora dessas?
- Ah eu não quero sair hoje não. Lembrei que você gosta de ficar aqui assistindo o mesmo filme mais de uma vez.
O filme daquele sábado realmente já era um pouco manjado, mas ele nunca havia assistido, não gostava disso. Falava que era perca de tempo, ainda mais quando era romance. Bobo era quem se apaixonava, na visão dele.
Eu, sem titubear, o chamei para entrar e sentar no sofá, eu já ia trazer a pipoca que estava no microondas, quentinha. Ele assistiu ao filme inteiro e no final disse que era tarde e precisava ir. Mas nem passava das 01h. Ele costumava passar muito mais tempo em sua baladinhas sem graça. Quando fui até a porta para me despedir ele encostou os seus lábios e depois se virou como se nada tivesse acontecido. Até hoje não sei o que foi aquilo, mas sei que não agüentaria aquele beijo de novo, todo o encanto se partiu e eu hoje sei que amigo é melhor continuar sendo amigo.

sábado, 17 de maio de 2008

Um passeio de índio

Sempre gostei de sair, nem que fosse pra ir ao shopping e logo voltar. Certa vez sem ter muitas opções do que fazer, pois a grana tava curta, decidi ligar para três primas com quem tenho muito contato, muitas afinidades. Tudo o que vamos fazer até hoje é junto e naquela ocasião não podia ser diferente. Peguei o telefone e combinei tudo, decidimos ir ao Taguatinga Shopping que fica perto da casa de todas. Encontramos-nos lá por volta das 4h da tarde e depois de caminharmos e visitarmos todas as lojas decidimos parar para tomar um milk-shake em um quiosque que gostamos bastante. Enquanto colocávamos em dia todas as fofocas de adolescentes escutamos um estrondo forte que vinha do outro lado da praça de alimentação. Em questão de segundos vejo todos vindo em nossa direção. Meninas gritando e perdendo o sapato pelo caminho, mães puxando as crianças que estavam caídas no chão, pessoas sendo pisoteadas e nós olhando aquilo tudo com um olhar meio confuso. Até que eu sinto alguém puxando minha mão e me dizendo que a gente precisa sair dali, mas eu não conseguia expressar nada. Eu ficava parada, apenas observando tudo o que se passava ao meu redor. Até que todo aquele desespero toma conta de mim também e sem me preocupar com mais nada saio correndo rumo ao estacionamento do shopping, e esqueci a minha bolsa, com todos os meus pertences em cima da mesa, e o mais importante, meu ovomaltine que eu tinha acabado de começar a beber. Lá, do lado de fora, achamos um guarda que fazia a segurança do local, como verdadeiras loucas, gritamos ele e imploramos pra ele entrar lá e ver o que estava acontecendo.
- Tem um homem atirando lá dentro moço! Entra lá. Falou minha prima mais velha, com um tom desesperado.
- Eu? Eu vou fingir que nem passei aqui. Vai que é isso mesmo que estão me falando? Eu não tenho nada pra fazer.
O barulho e inquietação do povo parecia ter diminuído, mas a coragem de entrar e ver o que realmente aconteceu ainda não tinha invadido ninguém. Depois de muitas especulações e algumas discussões decidimos andar, mas só até à porta, só ver e voltar novamente pro nosso esconderijo. Ao chegarmos lá, vimos todos sentados, parecia que nada tinha acontecido, era como se estivéssemos em uma daqueles sonhos malucos que só acontecem nos filmes. Entramos novamente no shopping, decidimos que só encontraríamos a bolsa e voltaríamos para a casa, para o conforto e segurança da nossa casa. Mas a bolsa não estava mais na mesa e muito menos o meu ovomaltine. A mulher que agora ocupava o lugar disse que um casal tinha saído com a bolsa para ver se encontrava a dona, no caso eu. Rodamos o shopping inteiro atrás de um casal que usava blusas vermelhas. Incomum não?! Mas depois de toda a busca, nenhum resultado, até que o telefone da minha prima toca. Do outro lado da linha, minha avó gritava. Minha prima sem pensar duas vezes passou o telefone para mim e apenas pronunciou: - É pra você, com certeza! Quando peguei o celular só conseguia escutar as palavras como lerda, tonta, coisas assim. Por fim ela disse que uma moça havia ligado lá em casa e tinha dito que me esperava na fila do cinema para entregar a minha bolsa. Eu fui ao encontro do casal de vermelho e lá estava minha bolsa com todos os meus pertences. E assim terminou o nosso passeio de índio, em grandes gargalhadas e uma enorme felicidade por ver que ainda existem pessoas honestas no mundo.

O dia em que nada deu certo

Desde os doze anos sempre fiz parte de um grupo da igreja. Fazia apresentações de dança junto com algumas primas e vizinhas, minha mãe, sempre bastante católica, coordenava o grupo. Lembro-me de uma vez em que fomos chamadas para dançar em um evento com grande visibilidade, um evento que acontece todos os anos e reúne um número importante de pessoas. Nós, super empolgadas, aceitamos o convite e como em todas as apresentações ensaiamos muito. Os ensaios ás vezes geravam brigas, coisas normais de adolescentes, o importante é que nos concentrávamos e fazíamos de tudo, sempre, para não titubear em nenhuma parte da coreografia. Mas não contávamos com a possibilidade do aparelho do som, de repente, sei lá, pifar. Exatamente, o som parou sem nem ao menos começar a letra da música. E enquanto todas rodopiavam no gramado, o silêncio tomou conta do estádio, mas o público quebrou o instante e começou a soltar altas gargalhadas e piadas sobre o que tinha acontecido. Comentários como: - Ai que vexa coitadas! Foram inevitáveis. Naquele instante a única coisa que eu podia ver eram minha companheiras cobrir os rostos e balançarem insistentemente a cabeça de um lado para o outro. E nossa primeira grande apresentação terminou, ou melhor, nem começou, e logo todas do grupo foram às lágrimas. Mas algo inesperado acontece, o radinho velho que tentava passar o cd da apresentação começa a pular, mas logo qualquer tentativa de transmissão vai pelos ares e a única reação que se tem no gramado é abandonar o palco e correr para o vestuário. Naquele momento juramos nunca mais aparecer naquele ambiente novamente, mas quem disse que isso aconteceu?! Esse foi o primeiro, de muitos outros “micos” que passamos naquele grupo, que hoje deixa saudades.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

O patinho feio

Como muitas outras meninas, quando criança não sabia bem o que fazer. Ou melhor, sabia sim, aos cinco anos de idade decidi que eu iria ser modelo a qualquer custo, mas com aquela barriguinha saliente, não conseguiria participar de nada. Minha mãe sempre me colocava em concursos de beleza, mas mãe é assim mesmo, pode o mundo inteiro alertá-la que sua filha não é nenhuma Gisele que elas nem dão bola, para ela somos mais, somos verdadeiras Angelinas. Isso foi exatamente o que me aconteceu. Assim que nasci minha mãe pediu para uma irmã dela ser minha madrinha, e ela adorou a idéia. As duas então juntaram as economias e compraram uma passagem para minha tia vir do Maranhão pra cá, só para batizar a nova coisinha da família. O dia tão esperado chegou, na rodoviária estava eu nos braços de outra irmã de minha mãe e um tio. O ônibus da madrinha estava chegando e ela saltou, sem nem se preocupar com a bagagem. Foi ao nosso encontro, descobriu meu rostinho, e disse desapontada para minha tia: - Vera, quem é essa bichinha feia? Só tem orelha a coitada.
Tia Vera ficou sem graça e murmurou: - É sua afilhada Ana. Essa é a Mariana.
- Ô coisinha linda meu Deus, me dá, me dá! Respondeu Ana tentando concertar o que já havia sido dito.
- Vera! Só não conte isso pra Lúcia. Falou Ana, em voz baixa.
Vera não a escutou, ou pelo menos fingiu não ter escutado, e ao chegarem em casa a primeira coisa a ser dita foi que Ana teria chamado a própria afilhada de feia. Essa história ainda é contada em todas as reuniões de família e o apelido, infelizmente, pegou. Minha madrinha ainda não me acha uma Gisele, mas pelo menos não repete mais o termo “bichinha feia” com tanta freqüência.

Uma manhã conturbada

06h30min o celular desperta, o sonho que estava indo tão bem evapora como se nunca tivesse existido. Ainda tonta e sem conseguir abrir os olhos, levanto e vou para o banheiro, é algo mecânico. Ligo o chuveiro e apenas quando a água gelada bate em minha cabeça eu sinto-me verdadeiramente acordada. Agora sim, a alegria daquele instante me mostrava que ia ficar o dia inteiro. As canções mais loucas agora são o repertorio, meu banho se anima, mas não por muito tempo. Minha mãe desesperada bate na porta e toda a melodia desce pelo ralo.

- Filha! Sai logo desse chuveiro, a água está cara menina.

Eu já deveria saber que ela nunca gostou da minha voz, mesmo afirmando que vou ser cantora ainda. Bom, mas esses são sonhos futuros. Eu não tinha muito tempo, meu tio passaria pra me buscar às 7h25min e eu ainda tinha muito que fazer. Apressada, escovei os dentes embrulhei-me na toalha e sai do banheiro, que mais parecia uma sauna a todo vapor. Eu me arrumei, engoli rápido o café e corri para o carro que soltava um som insuportável. Cheguei à Faculdade por volta das 8h40min, meu professor me daria uma bronca. Isso disse certo, “daria” se ele tivesse ido dar aula. Dei de cara com um papel pendurado na porta que dizia a seguinte frase: - Desculpe, mas tive um compromisso, nos vemos semana que vem!
Não tinha mais nada a fazer, a não ser lamentar não ter verificado meus e-mails na madrugada anterior, lá o professor explicara que não compareceria em nossa aula naquela segunda, pois teria dentista. Não costumo ficar navegando na internet até as 1h da manhã, mas sinto que isso é necessário quando se trata de professores tão ocupados.

sábado, 10 de maio de 2008

Um dia no parque...

Ana chegou da escola, almoçou e logo quis ir brincar, sempre achei que criança é um ser de muita energia. Ela foi com sua mãe até a pracinha da cidade. Ao chegar lá percebeu que atraiu muitos olhares, todos eles pareciam observar algo estranho, algo errado. “Por que está todo mundo olhando pra mim?! Sinto-me envergonhada com todos esses olhares.” Pensou a garotinha.

- Mamãe por que está todo mundo olhando pra mim?
- Porque você é linda meu amor. Respondeu a mãe, com a voz mais doce que eu já ouvira.
- Ah, mas a senhora me acha linda e não me olha desse jeito.
- Meu amor, mamãe está sempre com você e eles não. Só estão surpresos. Mas não ligue pra isso, vá brincar. Mamãe vai ficar aqui te esperando, está bem?!
- Sim, mamãe! Vou brincar!

Ela foi brincar, e os olhares já não mais a perturbavam. A inocência da garotada tomou conta do local. Juntos, todos se divertiram como se fossem amigos há muito tempo. Sem ligar pra nenhuma diferença ali existente. Pois não enxergavam diferença alguma, a diversão era completa e comum a todos.
É fato, no mundo das crianças não há diferenças, não há preconceitos, o importante é ser feliz, se divertir.

- Mamãe, vamos lanchar? Estou com fome.
- Vamos sim meu amor!
- Mamãe minha coleguinha pode lanchar também?
- Claro minha filha, já lavaram as mãos?
- Já.
As duas responderam.
- Então vamos comer.

As duas comeram e logo voltaram a brincar. Mas algo aconteceu...

- Mamãe disse que eu não posso brincar com você. Disse uma menininha com os olhos apontados para o chão.
- E por que não?
- Porque ela disse que você pode chorar. Você é diferente e está doente.
- Não estou não, a minha gripe já passou! Pode vir, avisa pra ela que a gripe passou.
- Ela disse que sua doença não tem cura, você nasceu doente!
- Eu não sou doente! Respondeu Ana com bastante rigidez.
-É sim! E eu não vou brincar com você.

Ana sem entender nada do que a menina lhe dizia correu para os braços da mãe.

- Mãe, eu sou doente? A mãe da minha coleguinha disse que eu tenho síndrome de down. O que é isso síndrome de down?
-Minha filha você não é doente. Só não vê o mundo com os mesmos olhos que ela. A mãe dela não te conhece, é só isso, mas existem outras crianças que querem brincar com você. Olhe!
-Sim mamãe, eu vou brincar com eles.

No Brasil, histórias como a de Ana são freqüentes. Muitas mães, por não conhecerem ou por simples preconceito, privam suas crianças do convívio com crianças com síndrome de down, crianças especiais sim, mas por verem um mundo diferente, por perceberem com mais facilidade como as coisas simples da vida fazem sentido. O que não faz o menor sentido é proibir que crianças assim passem um pouco dessa magia para nós, pessoas tão anormais.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Como saber se é amor?

Quando tudo parece não ter mais solução, agente se surpreende. Foi assim , é assim, será assim, o coração sempre tem essas de se apaixonar ou quem sabe amar pessoa que não nos vêem com os mesmos olhos. Isso faz sofre , dói, pode até acarretar em um trauma, mas o que é o trauma ? Choque emotivo que modifica a personalidade do sujeito? Pode ser , mas acredito que ele é necessário para fortalecer , mostrar que a realidade é mais ampla do que pensamos, dá ao sujeito uma base para entender certos por quês da vida.
Cheguei um dia a imaginar que amar era sofrer, como podia os poetas, os amantes , as histórias retratar de tal maneira esse sentimento, se ele não é tão fácil de ser correspondido e compreendido . Cada vez que pensava em aproximar de alguém , era por que esse alguém me tocou de alguma maneira. Mas descobria que nem sempre essa pessoa era tudo aquilo que eu sonhava, poderia sim encontrar o “príncipe” (talvez a denominação seja essa) , que merecesse o meu amor. E assim foi , diversos galanteios , cartinhas , declarações , mas a procura do perfeito, não deixava eu enxergar nada , sentir nada , isso era algo que me perseguia.
Comecei então a me perguntar , será mesmo amor ? Se eu não vivi troca de emoções , carinho , palavras com aquela pessoa , poderia dizer que a amo ? Se não senti sintonia da parte dela seria mesmo amor? A resposta pode parecer complicada no inicio , por que pode sim existir amor, mas um amor pela amizade quem sabe. Então são amores diferentes? A conclusão é que , para se amar uma pessoa , o primeiro passo é sentir amor de amigo, depois trabalhar para que surja a paixão , o desejo de estar, ver , sentir a pessoa .
Se eu fizer isso, estarei quebrando paradigmas , tenho certeza de que o meu amor estar por vim . Mas , e se ele passar e eu nem notar? Então, vou observar com cuidado cada um que possa vim a ser o meu amado . Como eu citei na primeira linha do primeiro parágrafo , agente se surpreende , comecei a entender que a vida é feita de oportunidades ,nem sempre conseguimos aproveitar todas , mas podemos lutar por algumas. Resolvi apostar minhas fichas , o que de pior poderia acontecer se eu encontrasse a pessoa dita certa, mas descobrisse que tem alguns defeitos? Arriscar talvez? Pode parecer uma expressão fria , mas se não fosse assim a coragem não ia surgir tão fácil.
A maior dificuldade é saber se estou indo no caminho certo , mas somente eu saberia essa resposta . Através da convivência e afinidades percebemos que é a pessoa certa. Tive que aprender a não elaborar muito a situação, deixar acontecer , quem sabe. E foi assim que me vi quebrando barreiras, percebendo que o amor nada mais é do que um sentimento incompreendido mas necessário, por haver diversas formas de amar .Aprendi que não amamos menos ou mais , e sim amamos . E que a paixão ,atração física com tempo pode desgastar , mas o amor não. Se tudo acontecer ao mesmo tempo, se for uma conquista simultânea , os resultados serão melhores, os dois vivendo e sentindo ao mesmo tempo as emoções de descobrir o amor, mesmo sabendo dos riscos o importante e viver as perspectivas do momento.




sábado, 3 de maio de 2008

E na segunda tentativa...


“Você quer que eu termine com ela pra ficar contigo?” Era a pergunta da vida de João Paulo. E não por acaso, ele esperava uma resposta positiva que infelizmente não veio. Ela, Déborah Évelin, se desculpou mas se julgou imatura e inconstante para manter um relacionamento. Era mais uma desculpa feminina para não magoar o garoto. Eles então voltaram para a festa e João Paulo, triste, foi ao encontro de sua então namorada Keitelane. Estranho pegar a história pela metade, não é?! Pois então a entenda primeiro...

... Era por volta da meia-noite do dia nove de dezembro de 2006, o Índio e a Médica saíram escondidos da festa. Esperaram a hora perfeita para que o romance mantido entre os dois não fosse descoberto: o momento dos parabéns para a Fada, irmã do Índio. O Índio havia pensado em tudo, inclusive num modo de que a notícia não chegasse à bailarina, namorada dele. “Enquanto estiverem cantando os parabéns, sairei com a Médica e você terá a incumbência de distrair a Bailarina para que ela não me siga.” comentou o Índio com a amiga e cúmplice, a Diaba.
O plano foi executado com precisão, só não foi perfeito porque o melhor amigo do Índio viu tudo, mas como um verdadeiro amigo, fez-se de cego e fingiu que nada tinha visto, condizendo com sua fantasia: Steve Wonder.
Porém aquela não era a primeira vez que os dois, a Médica e o Índio namoravam escondido da Bailarina. Tudo começou um mês e cinco dias antes quando ele era o palhaço e ela a atleta de futebol. Era mais uma festa a fantasia, mas nenhum dos amigos era capaz de acreditar que ali começaria um romance. Mas começou. Era fim de festa quando o flerte e a paquera, não notado por ninguém, deu resultado. E então o romance se arrastou até o fatídico dia nove de dezembro.
Logo após os parabéns, o Índio e a Médica voltaram para o salão da festa. A troca de olhares era visível e o sentimento aflorava no coração de ambos. Acabou a festa, viagens vieram e o contato que os dois mantinham se perdeu com o tempo. Hoje o Índio, já separado da Bailarina, confidenciou-me que sente falta daquele um mês e cinco dias, que sente saudades da Médica e da adrenalina causada pelo romance às escondidas. Talvez o clima da festa tenha contagiado o casal e tudo não teria passado de um mundo de fantasias. Já que quando tudo começou eram o Palhaço e a Jogadora e quando tudo terminou eram o Índio e a Doutora, esquecendo-se de serem João Paulo e Déborah Évelin.

Mas não foi assim que acabou tudo entre João Paulo, o Índio, e Déborah, a Médica. Um ano depois eles se reencontraram e a atração era a mesma. Ele já não estava mais com Keitelane, mas sim com Bárbara. Ela solteira como sempre. Depois de uma longa conversa, revelações foram feitas, não me pergunte quais pois eu não estava dentro daquele quarto. Mas o que importa é que dessa vez ela respondeu positivamente quando João Paulo fez pela segunda vez a pergunta de sua vida: “Você quer que eu termine com ela pra ficar contigo?”