segunda-feira, 30 de junho de 2008

Engano

Todas as minhas canções foram suas, mas um dia a gente aprende que não vale a pena doar-se a quem nunca percebeu. E eu aprendi, da pior maneira, que devemos ser egoístas às vezes. Devemos chorar deixar escorregar pela nossa face aquela lágrima que se escondia, nem que seja só por uma vez. E assim eu poderei dizer que eu vivi. Fiz o que eu deveria fazer, eu sorri quando eu queria sorrir, te falei sempre o que eu sentia, mesmo às vezes não me compreendendo eu lhe enviei todos os meus desejos. Da minha maneira eu senti ao extremo, eu gritei, quando era essa minha vontade. Sempre procurei lhe contar a verdade, mesmo sabendo que isso não lhe deixaria satisfeito. Mas eu fiz tudo o que achei certo, e o resultado só é a resposta para todas as minhas perguntas. Você nunca percebeu meus detalhes, nunca valorizou meus maiores valores, nunca compreendeu o que para mim era o mais importante. E, sim, essa é minha resposta. Tudo só me mostrou, incansavelmente, que isso não é o certo para mim, você nunca foi o certo para mim. Eu demorei a perceber, mas as repostas mais preciosas demoram a aparecer. Sempre lhe falei de conseqüências, e elas me trouxeram ao caminho certo. Eu ainda aguardo o meu jardim, e nele não terá a tão bonita margarida, eu aguardo as sementes da pessoa certa, ela saberá qual é e qual sempre foi a minha flor preferida.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Fantasmas

Conflitos ocupam minha cabeça. O que era o certo, agora se perde. Aonde eu enxergava esperança, hoje não vejo nada, além de ilusão. Eu queria ser forte e não chorar. Mas cada lugar me traz histórias que eu não queria lembrar. Eu espero por um beijo que eu sei, não terei mais.
Eu fico em silêncio e espero ouvir sua voz, mas os gritos foram criados pela minha cabeça. Eu durmo me esforçando para não esquecer tudo o que vivemos. Mesmo rezando para que um dia tudo saia da minha cabeça. Eu queria para sempre esquecer até o que foi bom, ou, principalmente, elas. E com a vida aprendi que a saudade não tem tradução.
Eu sinto raiva por tudo o que eu passei, por cada lágrima que, em vão, eu derramei. Mas minha maior raiva é não conseguir odiar você. Ou nem apenas te esquecer. Minha raiva é procurar, sem resultados, a indiferença. E quando eu acho que acabou, quando parece fazer sentido toda a nossa distância, tudo aparece novamente. E como um sopro, as memórias reaparecem. Eu vejo fantasmas perto de mim. Fantasmas do que fomos um dia.
Agora tudo se faz presente, mais uma vez, a mão fria quando escuto sua voz, o coração que bate apertado por saber que nada disso tem futuro. E nem deveria. Eu sei que isso será apenas suposição, todos os meus planos, minhas idéias, minhas esperanças.
No fundo eu continuo vivendo uma história, mais uma vez, inventada por mim.Mas, infelizmente, o final não está mais em minhas mãos. Eu achei que seria fácil fechar os olhos para você, e assim perceber o mundo aqui fora. Mas eu hoje sei que nunca deveria tê-los aberto, e percebido que aquilo não era o certo.
As palavras me faltam, e nada é suficiente. O medo de falar me apavora. Agora meu maior remédio tem que ser controlado, escrever tem seus pecados. Eu preciso esconder tudo isso, mas eu sinto não conseguir fazê-lo muito bem.
Sinto ter sido essa a última vez que pude escutá-lo. De onde tirei isso? Eu não sei explicar, meu coração sussurrou-me esse segredo.
Eu percebo que não percebeu, mas ainda havia um buraquinho por eu deixava escapar a luz. Mas você preferiu partir, e não aproveitar mais uma chance. Como sempre desconfiei você não tem tanta habilidade, mas vai lá, tente, não é tão complicado como parece. Eu lhe envio todos os sinais. Decifre-me.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Saudade

Eu sinto a sua falta mesmo não tendo do que lembrar. Penso como a minha vida teria sido diferente se você ainda pudesse estar aqui. Mas você precisou ir. E deixou, em todos, uma grande saudade.
Às vezes converso contigo e mesmo não tendo tua resposta sei que me escuta. O seu rosto ficou gravado em minha memória, não sei como. E é como se você, mais que qualquer outro, estivesse aqui o tempo todo. Me vendo chorar, me escutando rezar e re reclamar, e me vendo falar de você. Parece que agora sua presença é ainda mais precisa, é como se eu estivesse sendo acompanhada o tempo todo, ao atravessar a rua, quando penso que estou sozinha em casa, quando canto como louca no telefone e, principalmente, quando o vento toca o meu rosto, não sei explicar, mas é tudo tão real. Páro e penso o quanto não deve gostar de algumas coisas que deixo escapar, às vezes, quando estou sozinha.
Só escuto coisas boas sobre você, e talvez, o meu maior desejo seja ter te conhecido.Te imagino assistindo TV, e falando tão bem de quem tu amas. Te imagino brincando com o cão e com a mamãe. Eu tento imaginar sua voz, quando a colocou no colo e disse que estava tudo bem. Eu queria ter tido a oportunidade de viver com você aqui perto de todos os que te amam. Eu queria ver tua reação ao ver o teu filho agora grande. Ao olhar, nos olhos de tua mãe, o verdadeiro orgulho que ela sente de você. Queria poder dizer que tenho um tio tipo galã, o próprio James Blunt. Eu, mesmo sem ter vivido momentos ao seu lado, sinto orgulho, pelas histórias que escuto. Histórias que só mostram o homem maravilhoso que foi. Atencioso, generoso, humilde e justo.
O tempo não volta, infelizmente, ele corre e às vezes apaga o que há em nossas lembranças, mas se for possível um dia nos encontraremos e sem que eu pergunte me falará sobre o que conversamos todo esse tempo em que você estave longe, assim saberei que sempre me ouviu.
Eu queria que ainda estivesse aqui.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Análise de matéria da VIP




O produto escolhido para a análise foi uma matéria de Carla Monteiro, publicada na sessão Preliminares da revista VIP do mês de abril de 2008. O texto, de título A Melancia Encolheu! conta um pouco da trajetória de Andressa Soares que ficou conhecida como Mulher Melancia, devido suas formas exageradas. Andressa, de 19 anos, ganhou fama nacionalmente depois de dançar ao lado de Mc Creu na gravação de um DVD no Rio de Janeiro. A reportagem ainda trás um espaço que fala de algumas mulheres que conquistaram prestígio graças a formas delineadas do corpo.

Baseando-se no texto de Douglas Kellner (1995:9) é possível afirmar que a mídia participa da construção das identidades. O autor afirma que “A cultura veiculada pela mídia fornece o material que cria as identidades pelas quais os indivíduos se inserem nas sociedades (...).” A cultura midiática atua na socialização do ser, o incluindo na civilização e na cultura global. Ela tem um papel pedagogizante, que tenta educar a visão do sujeito para o que é certo e errado, positivo e negativo, moral e imoral. Os meios apresentam, inclusive, modelos daquilo que significa ser feminina ou não. Mulheres com formas definidas, cabelos compridos e lisos, são as imagens mais recorrentes nos meios de comunicação. Em revistas, como a VIP, arquétipos assim são freqüentes. A matéria analisada é mais um exemplo da padronização da figura feminina.

As celebridades apresentadas, na reportagem analisada, foram mulheres que chegaram à fama através de seus corpos. Como Rita Cadillac, Gretchen, Feiticeira e Tiazinha. Por não serem apreciadas por caráter ou personalidade, mas sim por algo provisório, logo saem da mídia e são substituídas por mulheres mais novas que continuem atendendo aos padrões de beleza, como magreza, jovialidade, cabelos lisos e etc.

Na visão da autora, Denise Jodelet (2001), a representação social é uma reconstrução do objeto, que gera a projeção e o preconceito, além de serem produtos e processos de uma atividade de apropriação da realidade exterior. Pois, as representações sociais realizam um recorte do real, selecionando o que se deve ou não ser disseminado na sociedade. A mídia aparece como condição de possibilidade e de determinação das representações. Ao escolher o que irá ser transmitido, acabam ignorando outras realidades, que começam a ser interpretados como aberrações. Quando se foge dos padrões disseminados pela mídia, os indivíduos sofrem preconceitos. O diferente incomoda.

Assim, é possível se afirmar que as representações sociais interferem na assimilação do conhecimento e na definição das identidades pessoais.

As representações sociais encontradas na matéria da Vip reafirmam a dependência da mulher em relação ao seu corpo e à natureza feminina, veiculada atualmente. Na reportagem a construção da figura feminina é desenhada em torno de assuntos relacionados à sedução, sexo e futilidades.

Aprofundando o estudo em representações e culturas midiáticas a cerca do gênero feminino, percebe-se que a representação da feminilidade é a sua própria construção e as mídias participam ativamente dessas construções.

De acordo com Louise H. Forsity,(2003) o ideal de feminilidade, ou seja, o núcleo representacional sobre as mulheres trata-se de um ideal inacessível que gera sentimentos de auto-rejeição. Mais uma vez, as características que entram em choque com o que é difundido pelas mídias, causam estranheza. Ao encontrarem estampando nas páginas de revistas, entre outros meios, apenas mulheres com uma mesma linha de beleza, uma grande parte da população acaba vendo isso como um padrão global, isso resulta em uma intensificação das diferenças.

A matéria da revista VIP não trata de interesses públicos e não defende nenhuma minoria social. Ela trata a figura feminina como um meio de lazer para os homens. As mulheres são tratadas como mercadorias de consumo, inclusive, com data de validade.

Mulher Melancia, a entrevistada na matéria, faz parte de um núcleo de mulheres que aceitam ser taxadas como burras, que só necessitam do corpo para conquistar fama. Em uma entrevista dada ao programa Nada além da verdade, exibido pelo SBT aos domingos, a assistente de palco do programa Pânico na TV, também exibido aos domingos pela emissora Rede TV, a Mulher Samambaia, personagem vivida por Danielle Souza de 26 anos, disse não se importar com o papel que faz, a assistente afirma não se incomodar quando é chamada de burra, pois é paga para isso. Isso reforça, na sociedade, a idéia de que as mulheres não têm vontade própria, estão à mercê do desejo masculino e não se preocupam com questões sócias ou políticas.Com nomes pejorativos e a sexualidade explicita, o apelo erótico em cima da imagem feminina surge às vezes em um grau elevado,o corpo passa a ser visto como objeto da mensagem.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Provas do crime


Lembranças! Sempre gostei delas, por mais tristes que fossem. Às vezes, quando não tenho nada para fazer, pego minha caixinha de recordações e a cada carta, a cada desenho, uma sensação de aprendizagem toma conta de mim. Ontem, sem sono, recorri mais uma vez aquele caixotinho, cor de rosa, onde guardo coisas que me marcarão para sempre.

Lembro que minha mãe colocava lá algumas provas que ela achava jogadas no meio da casa. Sempre briguei com ela por isso, aquele era um lugar importante para mim, não gostava que o bagunçassem. Mas naquela noite minha reação foi outra. Eu estava com um pouco mais de paciência do que nas vezes anteriores e também com curiosidade para saber o que eu escrevia nas provas da minha quinta série. Porém as perguntas daquele papel pouco me importaram naquele momento, o que me chamou a atenção ali foram algumas alterações nos números que a professora colora ao lado de cada resposta, aqueles dígitos representavam a nota de cada questão.

Eu, na minha época de escola, havia alterado as provas do crime. Com uma caneta da mesma cor que a professora havia usado para a correção da prova, transformei os zeros da folha em oitos, apenas acrescentando uma bolinha a mais no número. Fazia isso na intenção de enganar minha mãe, que faltava arrancar meus cabelos quando chegava em casa com notas baixas. A princípio, não fazia muito, eu apenas transformava a nota real da prova em um número maior. Mas depois de um certo tempo, ela desconfiou de minha tática iniciante. A partir de então resolvi mudar meu plano, para que a conta das questões desse o mesmo valor de minha falsa nota, eu fazia com que os valores que recebia em cada questão também fossem modificados, para que assim nada desse errado.

Minha mãe então contava os valores obtidos em cada pergunta e depois analisava e comparava com a nota da prova. Agora dava certo. Mas infelizmente não tinha como fazer o mesmo no boletim que vinha ao final de cada semestre, assim as palmadas vinham de seis em seis meses.

Mentiras


Mentiras! Bem contadas, quem as chamaria assim? O negócio é saber contar. Quem sou eu para dizer isso? Na verdade não sou nenhuma especialista. Sou apenas alguém que já conseguiu transformar boas mentiras em lindas verdades. Afinal tem coisas que não ficariam tão bonitas se fossem ditas, verdadeiramente, como são. Ela tem que ter lógica, não pode ter nenhum fio solto e a sua cara tem que está condizente com o fato que irá contar. É claro que tem aquelas coisas que não dão pra ser escondidas e, por isso, devem ser totalmente modificadas, mas também tem aquelas que um simples retoque já dá jeito. Porém muito mudadas ou não, por bom motivo ou não, são todas mentiras. Mesmo quando falamos que ele é lindo, mas não achamos nem o branquinho de seus olhos agradável, ou quando dizemos que só pegamos uma coxinha da bandeja, quando na verdade foi um pouco mais de uma, foi a quantidade que a palma da mão suportava esconder. Mentiras! Quem nunca recorreu a elas? Nem que tenha sido só pra mãe não brigar pela nota baixa ou só pro pai deixar você sair à noite. A verdade é que todo mundo gosta, ou precisa, utilizá-las às vezes. Só não vale abusar. Use com moderação.

Blá blá blá

Ele chega te olha com aqueles olhinhos de cão que caiu da mudança, você, sem saber o que pensar, aceita conversar. Então ele começa com historinhas do tipo “nunca me senti como me sinto com você”, “te amo” e blá blá blá, não sei se por um instinto, sem vergonha, que nos acompanha desde o berço, você perdoa. Ele parece tão sincero, não mentiria tão bem assim, e logo pra você. Pra quê, né? Passa um, passam dois, podem passar até três dias, mas ele repete e a desculpa agora ganha até frases novas, como aquelas que dizem “ eu percebi o meu erro, não o cometeria de novo” “ eu achei minha burrice”, pois bem, eu já tinha a achado um pouco antes, mas as velhas frases continuam, talvez ele queira incrementar as coisas, e você é obrigada a ouvir de novo “ te amo”. Não sei por que essa frase significa tanto, para pessoas com uma sensibilidade, assim tão.. feminina, essa seria a palavra. Então tal sentimento nos faz acreditar, ele disse que aprendeu, por que mentiria? E logo pra você! Mas quem faz uma, faz duas, três, quatro vezes, e não se dá por satisfeito. Ele sabe que no final dá a volta, e você sempre acredita em suas mentiras deslavadas.
É, eu ainda não sei qual é o motivo, mas talvez sejam os hormônios os verdadeiros culpados por dificuldades da vida feminina. Mas, felizmente, tais coisinhas, os hormônios, nos deram um dom, a discrição e, acreditem meninos, com ela fazemos milagres que, definitivamente, vocês desconhecem. Talvez, por isso, não precisamos usar tantas desculpas, chatas, que só nos dão sono.