sábado, 30 de abril de 2011

Para a filha que eu, de algum modo, ainda tenho


Filha, pode ser que um dia nem lembre mais o meu rosto. Pode ser que minha voz se confunda dentro da sua cabeça e você não mais a reconheça. Pode ser que o que te dei seja pouco para que eu ocupe suas lembranças. Mas a verdade é que eu não posso garantir que isso se repita comigo. Seu sorriso estridente, sua voz mais doce que mel e sua esperteza incomparável vão ficar gravadas em mim para sempre. Sinto orgulho do pouco tempo que escutei você me chamar de mãe, e, só Deus sabe, como eu me sinto ao pensar que talvez isso não se repita. Te amo do jeitinho que você é: respondona, inteligente, curiosa e teimosa. A mais linda, mais carinhosa, mais espetacular.

- Um dia, enquanto eu chorava por ter brigado com minha mãe, você deixou sua travessura de lado, desceu do sofá apressada e foi até mim. Com a voz mais serena do mundo, me disse baixinho: o que foi, mamãe? Mamãe, por que você tá chorando? Ein?

Parecia gente grande. Enquanto você limpava meu rosto, olhava para mim com um olhar de preocupação. Você realmente queria saber porque eu estava tão triste. A verdade é que nunca fui consolada daquele jeito.

Depois disso, você levantou rápido, saiu de perto de mim, foi até o quarto e disse: Tia Lúcia, a minha mãe está chorando, tadinha.

Foi, mesmo contra minha vontade, mesmo eu te pedindo para ficar. Você, de algum jeito, sabia que aquilo era o que faltava.

E, se algum dia pensares em mim, pense também que eu te amo. Agora e sempre, te amo!

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