Que tal um segredo? Bons ou ruins, fazem parte da vida. Podem ser bobagens, ou situações de vida ou morte. Um primeiro namorado, um erro no trabalho ou problemas na amizade. Por falar nisso, eu às vezes me pergunto quem acredita que isso existe. “Palavra que muitos dizem, mas poucos têm”. Pra mim, é algo importante que, apesar de raro, é real. Não importa a idade dos envolvidos e tão pouco o sexo de cada um deles. Uma afeição e estima por alguém que aprendemos a amar de uma forma fraterna. Se despedir de alguém assim não faz sentido e, a meu ver, nem deveria fazer. Amizades não são caprichos ou brincadeira de criança. E, ultimamente, tenho me despedido muito de amigos meus. Uns vão pra longe, decidem morar na França, ou em João Pessoa. Primeiro me acostumam a ter sempre alguém por perto, com frases confortantes e colos mais que aconchegantes. Eu aprendo que posso sim chorar e que tocar violão de vez em quando pode ser legal. A gente aprende as falas de uns filmes que ficam gravados na nossa memória e que depois de algum tempo se transformam em boas lembranças. É triste, mas o tempo nos mostra que a distância não importa quando a amizade é mesmo de vera. Longas conversas ao telefone da França, com gargalhadas na mesma altura de sempre. Mesmo afeto em Jon People, afinal Mãe é Mãe. Depois a gente acha que vai ser assim pra sempre, que as amizades verdadeiras se foram e temos que aprender a conviver só com o coleguismo total (claro que não é bem assim, ainda tem a família, mas disso eu falo depois). A gente entra na faculdade, e logo percebe que toda aquela babaquice de que amigo em escola não existe não passa disso, de pura babaquice. A gente encontra o melhor Burro do universo, com a criatividade mais criativa do planeta. São apelidos e palavras inventadas que coloriam minha manhã me fazendo querer morar na faculdade. A gente é sim capaz de amar alguém que conhecemos a menos de um ano, desde que essa pessoa seja boa o bastante pra te conquistar e te mostrar que o mundo inteiro pode ficar bom se alguém te ajudar a traduzi-lo. Meu burro, sem o qual eu não sei o que faria, minha margarida, que é doce e meiga e conquista qualquer um. A gente briga e se afasta, mas todas sabem que é crise, e já passa. E é o que realmente acontece. Afinal amizade não se destrói, porque não há explicação plausível para que isso aconteça. Aí, feliz até demais, a gente acha que já tá bom por aí e se melhorar muito estraga, mas, mais uma vez, o destino nos mostra que não é bem assim, amigo demais nunca é bastante. Não saímos por aí a procura de amigos, pelo menos não eu. As coisas acontecem como devem acontecer. Identificamos-nos com as pessoas e ponto. Não há porque ter explicação, ou repreensão. Mas os verdadeiros amigos sabem disso. Eles aparecem na escola, no trabalho (né danada?!), no parque, no ônibus de volta pra casa. Enfim, a família. Não tivemos a opção de escolha, mas podemos julgar se vale ou não a pena manter laços tão próximos. No meu caso é engraçado, porque acho que nem tempo de julgar isso eu tive. Essa classe de amizade existe desde que me entendo por gente e é aonde a gente sabe que sempre haverá um jeito de consertar as coisas, mesmo que demore um pouco além da conta. Conheço como os dedos da minha mão. Acontece que toda amizade tem suas crises e é, exatamente quando todas elas entram juntas em conflito e achamos que agora tudo está perdido, que aparece mais um amigo. Aquele que te entende sem que você precise falar muito. Que te admira e faz questão de demonstrar tal sentimento. Levanta sua auto-estima e te explica que tudo ficará bem. É pra quem você conta o que está acontecendo com todos os outros segmentos da sua vida. Alguém em quem você confia pra dizer qualquer coisa, mas qualquer coisa mesmo. A quem você se apega, sem nem perceber. Sente segurança e sem medo chama de irmão. Alguém pra quem não precisa falar de falsidade, porque isso nunca nem chegou a passar perto de sua cabeça. Repito: Amizade não é capricho. E eu sempre acreditei que vida é curta demais para nos privarmos de vivê-la inteiramente. Não gosto, nem vou, pensar nos meus atos, podar minha atitudes. Acredito que a verdade é o que é, e que quem é de verdade reconhece quem é de mentira. Acredito que a confiança seja uma virtude e que ela é o primeiro passo para viver intensamente. Eu prefiro fechar meus olhos e acreditar nas pessoas, mesmo que isso vá me machucar. Talvez por isso, agora me debato com a mesma hipótese sem sentido de onze meses atrás. As pessoas procuram motivos para se afastarem, mesmo quando não existe nenhum sentido na distância. Porque a amizade pra ser eterna tem que saber se impor, mesmo quando todos os outros a apontam com um olhar de desaprovação. Porque no fundo sabemos que um dia todos perceberão que aquilo é importante demais para ser deixado de lado. Uma amizade não ameaça ninguém.