sexta-feira, 16 de abril de 2010

Uma caneta mágica

Se eu pudesse, viveria escrevendo.
Se me coubesse, traduzaria o mundo em minhas páginas em branco.
Daria vida a meus amores secretos com o seimples balançar da minha varinha mágica, minha caneta!
Trocaria alguma horas conturbadas por alguns minutos de pura fantasia.
Eu visitaria os lugares mais lindos de quais já se teve notícias.
Eu iria a terra do nunca e lutaria com o capitão gancho, depois de roubar um beijo do Peter Pan.
Beberia água da fonte da juventude e descobriria os mistérios do paraíso de Alice.
Ah, seu minha caneta fosse mesmo mágica, eu traria de volta quem me faz tanta falta. Adormeceria observando sorrisos e passaria o dia escutando suas histórias.
Com uma varinha mágica eu visitaria meus melhores amigos, poetas que nunca vi de perto, mas que conheço melhor que a palma de minha mão.
Eu iria à lua e voltaria no mesmo dia, depois de passear ao lado do menino dos cachos dourados, o tal príncipe do planeta pequeno.
Escrevendo me sinto mais normal, menos presa àquilo que a forjada sanidade da sociedade impõe. Eu viajaria em minhas palavras. Viveria e morreria para viver de novo. Contaria o que ninguém sabe, sem medo de errar. Eu conheceria o irreconhecível.
Meus planos seriam mais que simples planos, seriam projetos em andamento. Minhas agonias seriam lembranças. Meus amores não seriam preocupações.
Não existiria medo, saudade ou julgamento. Eu faria o que tivesse vontade de fazer. Caso nada desse certo, eu apagava, rasgava o capítulo e começava tudo de novo, com o maior prazer.
Meu maior objetivo seria a felicidade constante. Eu deixaria de lado a ideia de que ela não existe.
Eu faria filmes ao lado dos meus maiores astros de cinema. Casaria (de verdade) com meu marido (Tata entende). Eu faria parte do elenco do meu seriado predileto. Falaria inglês melhor que qualquer um e teria aulas de guitarra com o rei do rock.
Eu acabaria com a fome no mundo inteiro e todos teriam onde morar.
Se eu pudesse, escreveria pra sempre para a vida nunca ter final. Eu criaria novos parágrafos, mais capítulos.. tudo para que fosse possível continuar escrevendo!

Minha menininha cresceu

Você cresceu e me deixou aqui, presa a uma infância que não é minha. Seus olhos verdes, de doçura invejável, se fizeram maiores e mais atentos, livres da inocência que mantia intacta. Achei que fosse ser sempre igual. Brincadeiras em momentos errados, cantos desafinados, poses e caretas para o espelho.
Não sei como a trato. Se a chamo de mãe ou irmã, se continuo nas graças ou se passo a dar conselhos. Mas que conselhos lhe daria, se esqueci de crescer? Achei que sempre teria companhia, uma pessoa com quem gritar (mas gritar junto), alguém com quem roubar e fazer graça. Éramos tipo tico e teco, batman e robin, pateta e max. Nossas vozes engraçadas, minhas quedas. Suas besteiras, minhas besteiras.
Agora que algumas linhas já se formaram, percebo que sua ausência é algo que me marca mais do que eu percebia. Enquanto escrevo, escuto uma música que berrávamos juntas. Eu, com meu inglês mais do que inventado, fingindo que saberia te ensinar alguma coisa. Mas bem que agora enganamos bem.
Ai que medo de não saber crescer. Me sinto Peter Pan, mas sem sua trupe. Para mim, só você já bastava. Uma menina atentada que com um sorriso largo me lembrava personagens da infância. A Punk, lembra? Já lhe falei dela!
Eu entendo que tenha que passar por essa fase e sei que não será fácil. A primeira menstrução, o primeiro paquera na escola. A vaidade começa a ocupar um espaço maior na sua vida. Sair com o cabelo despenteado não parece mais uma boa ideia para você. Você está crescendo e esqueceu de me avisar. Ou a tonta aqui só deveria perceber sozinha, que um a bonequinha dos olhos claros viraria uma linda mulher. Me leve sempre em seu bolso e saiba que estarei a postos para enfrentar seus novos dragões, agora reais. Te terei sempre como a estrela que escolhi para iluminar meu caminho escuro. A pequena que sempre me deu a mão quando tinha medo do escuro. Minhas melhores lembranças serão para sempre suas e minhas orações mais compridas pedirão por você.
Que saudade de te pegar no colo e te colocar de cabeça pra baixo, enquanto você grita meu nome todo errado. Saudade de te levar na escola e sdo portão te ver correr com os pézinhos atravessados. Saudade de sentir que sou pra você o que o sangue não quis que eu fosse.
Eu não quero crescer. Não quero parar de ver graça em tudo e de achar que o mundo ainda tem solução. Quero gritar quando der na telha e quero cantar creed tudo errado! E não quero que você cresça (desculpa meu egoísmo). Não quero, mas posso aceitar. Só me promete que agora passa a cuidar de mim como eu tentava fazer com você. Usa esse seu novo ar de mulher pra me convencer de que tudo ficará bem e que um dia as coisas voltarão ao normal. Eu prometo que vou ser uma boa menina!

domingo, 11 de abril de 2010

Eu queria ser poeta

Já que a muito não escrevo versos que se aproveite, lhes deixo em boa companhia. Nada melhor que palavras que expliquem tudo o que sentimos... Ler Manuel Bandeira é se eu conseguisse, enfim, entender tudo o que está dentro de mim lutando para ser explicado! Então:

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

- Eu faço versos como quem morre.

(Manuel Bandeira)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Não me pergunte sobre os planos que sempre fiz e nunca coloquei em prática.
Não me fale sobre amores que nunca declarei.
Não me peça pra ficar onde eu nunca fui e lhe contar sobre o que nunca fiz.
Não me faça escolher entre o passado e o presente, pois ainda não aprendi a lídar com sua reação ao perceber minha resposta.
Não me julgue pelo que falei sem pensar, por mais que mil pensamentos tomassem minha cabeça naquela hora.
Não me culpe, nem me ame, antes de me conhecer.
Apenas me deixe ir em frente e me mostre o sinal de seguir em frente.
Preciso estar só na hora de decidir, mas preciso ter pra onde correr se o caminho estiver errado.
Não me abandone quando estiver chata demais, nem me dê muita bola quando estiver muito alegre.
Me puxe quando achar necessário, mas deixe que eu faça minhas próprias escolhas.
Me mostre que me quer bem, mas, por favor, me queira bem.
Não venha me falar de verdade quando não sabe o que isso significa.
Não me cobre respostas, me cobre razões.
Me fale alto ou me diga palavras ao pé do ouvido, mas converse comigo.
Me fale o que pensa, por mais que ache que vai doer.
Me interrompa, me ignore, me faça esperar. Mas me fale o que sente.

sábado, 3 de abril de 2010

'Besteirices' sentimentais

Você chega, a respiração falha e o coração dispara.
Quando vai embora, basta virar as costas pra me trazer suadade.
Meu pensamento já se acostumou a querer sempre a mesma coisa e meus olhos, quando me afasto, já não sabem que caminho procurar.
Minha rotina se resume a um nome e minhas escolhas saem com muito mais facilidade.
Torço para que o dia acabe, o outro comece e acabe outra vez. Assim, você chega mais rápido.
Com você, sou aspas e vírgula, mas nunca ponto final, quem sabe até reticenses.
Eu abro e fecho colchetes, mas nunca parenteses.
Continuar... Mesmo que eu não faça ideia de onde isso tudo vai dar.
Parar? Só se for pra começar de novo, de outro jeito, em outro posto.
Não quero promessas, prefiro sonhar por conta própria.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O conturbado Eu

Parece que minha intimidade com as teclas bagunçadas do teclado já não é mais a mesma! Decoro falas e tento usá-las a meu favor. Como se eu não fosse mais capaz de falar por mim. Sinto falta de despejar palavras desordenadas, que ma atrapalham e me complicam a vida, mas que me deixam mais viva e tranquila por ter colocado tudo pra fora.

Esse era o meu maior trunfo. Essa era minha melhor saída. O meu mais seguro esconderijo. Era pra cá que eu fugia quando as coisas saiam do meu controle. Bastava digitar algumas palavras, inventar alguns cenários, destruir alguns medos, e pronto! Tudo ficava melhor.

As pessoas, daqui, parecem mais confiáveis. Os sonhos parecem mais possíveis. E as ilusões não passam de simples realidade. Ah, como é bom poder ser o autor da sua própria vida. Ter o poder de construir histórias. Aqui, eu era a protagonistas, sem receios ou insegurança. Tudo o que fazia tinha algum sentido, por menor que fosse! Do lugar mais feio, sempre soube tirar flores. Do amor mais difícil, eu sempre consegui dar risadas. E agora parece que a varinha mágica quebrou. As palavras se calaram e eu não consigo mais nada do silêncio. Deixei que meus medos tomassem conta de mim e os sentimentos bons não conseguissem ser nada mais além disso, sentimentos! Nada são eles, sem atitudes.

Agora, aquele frio na barriga me assusta. Aquilo que me faz cantar sem saber a letra me espanta e eu prefiro ficar quieta, em um canto onde tudo é igual, para mim e para os outros. Não é nenhum país das maravilhas, com coelho maluco e johnny depps charmosos. É só um mundo, que tem sentido, mas que nada me conta, nada me aponta. Eu quero sentir de novo o poder de sair do chão. Quero alcançar estrelas, quero tocar a lua e fazer poesia à luz do sol. Quero me sentir beijada pelo vento e ter minhas mãos tocadas pelas flores. Eu quero entender o que eu sinto, mesmo que eu não entenda nada. Quero escutar a música e deixar meu eu ir para onde eu nunca fui. Quero de novo fechar os olhos e sentir que tudo é muito maior do que parece. Eu quero saber explicar com palavras aquilo que todos acham que é possível apenas sentir. Quero provar que é diferente, quero viver diferente e quero sentir diferente! Quero o diferente. Não quero dar explicações pra teorias que pra mim fazem todo o sentido e não quero regras e mais regras. Não existe nenhuma lei pra vida e não existe caminho sem volta. Eu quero voltar a deixar meus dedos livres para me levarem aonde quero ir, mas ainda não consegui saber onde é!!

Talvez só falte um pouco mais de entrega. Descobrir meus limites e me dizer: você pode ultrapassá-los!! Eu sei que basta fechar os olhos, mas tenho medo de não enxergar nada e acabar me decepcionando, por descobrir que toda a magia acabou! Enquanto isso, eu continuo parada, perdendo um tempo que nem ao menos tenho!