
O primeiro choro, como esquecer o primeiro choro? Lembro-me que a sala era ampla e havia criaturas enormes, uma delas me segurava pelo pé. Posição desconfortável e assustadora, mas até que agüentei firme. Olhava tudo com espanto e de repente um ardor no meu bumbum. Foi a gota d’água, protestei, protestei com todas as forças dos meus pulmões. Daí por diante foi uma tortura só, mãos grandes me jogavam de um lado pra outro, enfiando o dedo na minha garganta, checando meus ouvidos. Quando minhas forças começavam a me abandonar o cansaço já não permitia que eu reclamasse com tanta veemência, alguém teve a decência de me envolver numa manta quente e de me levar aos braços de minha mãe, como eu sei que era a mamãe? Fácil, a voz doce de minha mãe falava comigo todos os dias, contava-me piadinhas e me fazia rir. Lembro-me que às vezes cansada de ficar apertada me sentia triste e cansada, minha impaciência até causava desconforto à mamãe, mas bastava ouvir a voz dela que tudo ficava bem. Ela tinha o dom de me acalmar. Aquela voz de veludo era puro amor.
Embora a minha chegada a esse mundo tenha tido alguns inconvenientes, pude sentir mamãe me envolver nos braços e agora eu olhava aqueles olhos ternos a me acariciar, isso era perfeito.
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