quarta-feira, 23 de abril de 2008

A entrevista

Como eu gostaria de ser entrevistada? Pergunta fácil! Lembro de certa vez em que me procuraram para saber sobre um livro que eu havia escrito há pouco tempo.
Na época eu trabalhava de madrugada e por isso acordava tarde, às vezes ficava até as 5 da manhã no escritório. A repórter conseguiu, de uma maneira ainda desconhecida, o meu numero particular, numero de minha casa, conhecido apenas por poucos amigos e familiares. Mas o que mais me incomodou não foi isso, mas sim o fato de a jornalista ter me ligado às 8 da manhã eu havia acabado de pegar no sono e o começo do meu sonho prometia algo inesquecível. Com o toque do telefone foi tudo pro espaço, inclusive eu, que pulei de uma vez da cama apoiando rapidamente meus pés no tapete sem querer acreditar que estava sendo acordada depois de apenas uma hora e meia de sono, peguei o telefone e deitando novamente em minha cama perguntei quem era. A voz do outro lado parecia ter acordado há algum tempo, mas ela nem se tocava que eu daria tudo para voltar a dormir.
A voz então respondeu: bom dia senhora!
- Oi. Respondi curta e grossa
- Aqui é do jornal cultural e eu queria conversar com a senhora sobre o seu novo livro.
Eu preferi marcar com ela em outro horário no shopping.
Bom, diante desses fatos, acredito que a primeira regra para uma entrevista, em minha opinião, é saber a hora exata de tentar o contato. Se conseguem descobrir tantas coisas como o meu numero particular, por que não visitar o meu site e checar meus horários disponíveis, ou e-mail, ou até mesmo telefones direcionados a imprensa.
A segunda regra, seria obter informações suficientes para não prestar o entrevistado a perguntas, ao meu ver, óbvias. Não fazer perguntas indiscretas, ocuparia o meu terceiro lugar nas regras de uma boa entrevista. E eu, sinceramente, adoraria que eles não insistissem quando optamos por não responder determinadas questões. É claro que dentre esses princípios ainda caberia colocar não mascar chiclete, não atender o celular e muito menos pedir licença em plena minhas explicações. Mas acredito que não me lembraria de todas as exigências.
Eu entendo que esse seja o trabalho dos jornalistas, correr atrás das noticias, perguntar, sondar. E por isso, quando não me acordam no horário errado, procuro ter paciência, afinal quando mostram paciência comigo também, que não sou assim tão legal sempre, quando me mostram simpatia e educação, eles me ganham e confesso que até perdoaria qualquer deslize em minhas regras diante de tantas cordialidades. O caso é que prefiro que não saibam de minhas facilidades tão rapidamente.

Existe alguém

Eu queria saber por que às vezes a vida parece ser tão injusta, tão pequena. Como compreender que uma criança parte dessa vida ainda pequena. Às vezes nem chegou a conhecer o mundo perfeito que Deus criou pra nós.

Como aceitar acontecimentos tristes, que arrancam de uma mãe seu filho inocente, que não teve tempo de distinguir direito o que é certo e errado, não pode aprender o que é desamor, raiva, ira e rancor.

Como explicar que aqueles olhinhos cheios de ternura, de um amor que comove a alma, sejam arrematados, por essa tal ira.

O melhor, o mais sensato é não buscar explicação, é pensar que logo ali, com os braços estendidos existe um Ser maior que a dor, maior que o mundo. Esse mundo frio e triste pronto para acolher esse anjinho pequeno. E que esse anjinho pequeno irá brilhar alto no céu, como uma estrelinha de amor.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Eu quero respirar


Hoje acordei cedinho, acordei com sede de vida. E a primeira coisa que pensei foi em ir respirar a brisa fresca do novo dia que começava. Levantei-me bem devagar e caminhei descalça até a janela do meu quarto. Fui abrindo-a com o peito cheio de coragem. Meus olhos quase fechados foram se abrindo em busca de cor, mas ao invés disso uma névoa cinza entrou pela brecha do vidro e meu quarto, que era rosa, ficou sem cor. Meus olhos se encheram de lágrimas e começara a arder, rapidamente fechei a janela. Como sempre, chamei minha mãe, perguntei o que estava acontecendo, o que estavam queimando lá fora. Ela disse que não havia nada, e que ninguém sabia explicar de onde havia saído tanta fumaça, uma fumaça escura que se espalhava por toda a cidade. Resmunguei um pouco, a respiração estava ofegante, então me conformei.

Mas a sede de vida continuou a vontade de ver meu planeta azul respirar ar puro com suas matas verdejantes, suas montanhas de gelo exuberantes, o oceano profundo com todas as suas maravilhas, com mil cores e toda a nossa diversidade.

O meu céu de nuvens de algodão quase não posso mais ver, pois a fumaça o cobriu quase por inteiro. É verdade, uma lágrima rolou mansa e solitária em minha face agora triste. Mas não desisti, eu brigo para que fechem as torneiras em minha casa, apago as luzes nos cômodos que não tem mais ninguém, não jogo lixo nas ruas e muito menos perto de florestas e rios.

Sei que meu pouco é quase nada, mas é semente que vai crescer. Espero com minhas atitudes contagiar minha família, e que cada um deles passe bons hábitos para seus familiares e amigos, que eles aprendam novas maneiras de também melhorar a saúde do nosso planeta.

O que sei é que não quero deixar de acordar com o cantar dos pássaros, não quero deixar de ouvir a singela música das águas correndo pelos rios. Quero poder ir ao litoral, sem temer as ondas do mar. Além disso, ainda não tive minha oportunidade de subir em uma montanha coberta por neve branquinha, e descer em um esqui, ainda acalento esse sonho, guardadinho em um canto secreto de minha alma e pretendo não deixá-lo partir.

Meu planeta azul é tão cheio de esplendor, tão colorido. Não posso se quer cogitar a idéia de que todas essas cores venham a se resumir em um triste tom de cinza. E eu tenho a consciência que para preservar esse colorido planeta, a atitude não pode vir de um nem de poucos. Tem que ser com o pensamento, e atitudes de todos. Todos juntos em uma corrente de amor, pelo amor ao planeta, pelo amor a vida.

terça-feira, 15 de abril de 2008

A primeira professora

A professora observava de longe a menininha de três anos que lhe chegara naquela semana.A escola era novidade na vida da menininha de cabelos cacheados e olhos curiosos. Muitas crianças brincavam no mesmo espaço, mas a atenção da educadora se voltava toda para a moreninha sentada no balanço, ela segurava nas mãos com muito cuidado uma boneca. Naquele momento parecia que a menininha e a boneca tinham uma ligação afetiva muito grande, as duas se completavam. A garotinha tinha no olhar uma grande ternura e seu cuidado com a boneca era comovente. De repente numa fração de segundo um descuido a as duas caem do balanço, menina para um lado boneca para outro. Aflita a professora corre para a criança num intuito de socorrê-la. Para sua surpresa a garotinha diz chorando: -Não, eu não me machuquei, foi a minha filha- e a professora recolhe com cuidado a boneca quebrada do chão e acalenta a menina sem saber se sorri ou não daquela cena.

A menininha na parede


A sala de mobília simples abrigava a pequena família. Onde pai e mãe se deliciam com as peripécias da pequena Mariana, de dois anos. O sorriso angelical da menina enchia o coração dos pais de amor. E a menina parecia saber que estava sendo observada, pois a cada momento aumentava seu entusiasmo, ela rodopiava pela sala indo de um canto a outro da sala, numa alegria contagiante.

De repente a descoberta, a pequena percebeu que não brincava sozinha, todos os seus movimentos eram repetidos por outra criança ali mesmo naquela sala, mas parecia que seus pais não estavam interessados nela, pois se quer tomavam conhecimento de sua presença. Só quando a menina na parede pareceu tomar proporções gigantescas foi descoberta pelos pais que até então tinham olhos para sua princesinha rodopiando livre na sala. A menina para no meio da sala, olha assustada a figura na parede e se lança nos braços da mãe dizendo com voz ofegante: - a menininha da parede quer me pegar- a mãe e o pai sorrindo com grande ternura abraçam a filha e põe-se a explicar que aquela menininha na parede nada mais é que sua sombra desenhada na parede.

domingo, 13 de abril de 2008

A chegada




O primeiro choro, como esquecer o primeiro choro? Lembro-me que a sala era ampla e havia criaturas enormes, uma delas me segurava pelo pé. Posição desconfortável e assustadora, mas até que agüentei firme. Olhava tudo com espanto e de repente um ardor no meu bumbum. Foi a gota d’água, protestei, protestei com todas as forças dos meus pulmões. Daí por diante foi uma tortura só, mãos grandes me jogavam de um lado pra outro, enfiando o dedo na minha garganta, checando meus ouvidos. Quando minhas forças começavam a me abandonar o cansaço já não permitia que eu reclamasse com tanta veemência, alguém teve a decência de me envolver numa manta quente e de me levar aos braços de minha mãe, como eu sei que era a mamãe? Fácil, a voz doce de minha mãe falava comigo todos os dias, contava-me piadinhas e me fazia rir. Lembro-me que às vezes cansada de ficar apertada me sentia triste e cansada, minha impaciência até causava desconforto à mamãe, mas bastava ouvir a voz dela que tudo ficava bem. Ela tinha o dom de me acalmar. Aquela voz de veludo era puro amor.

Embora a minha chegada a esse mundo tenha tido alguns inconvenientes, pude sentir mamãe me envolver nos braços e agora eu olhava aqueles olhos ternos a me acariciar, isso era perfeito.