quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Palavras não são só palavras

Percebi agora, antes de dormir, que sou cada letra que preenche o papel. Sou às vezes virgula, por outras poucas me faço ponto. Sou parênteses, colchete, mas prefiro me fazer reticências. Paro e continuo quando quiser, quando der. Sou do A ao Z, da prosa à poesia. Quando feliz, me faço crônica. Com preguiça, sou uma frase, não completo um Parágrafo. Sou e vivo de palavras, poucas, exageradas ou só meias palavras. Podem ser ditas nas entrelinhas ou aquelas que vem bem explicadas. Porque sou quem decido ser, no capítulo que me couber. Me desenho desordenada, rabiscada, às vezes nem ao menos sou entendida. Quando apaixonada, me faço bela, bem pintada, colorida. Não importa o idioma, eu me comunico. Sei falar de amor, despedida, volta, amizade. Eu sou cada pingo de i. Sou a volta do g. Tenho os traços do T e a dificuldade do D. Eu chamo, peço silêncio e não preciso que me leiam alto. Se faço ou não sentido, não importa. Atinjo exatamente quem eu quero. Para os bom entendedores a metade de mim já basta. Sou ousada, calma ou prepotente. Depende de cada dia, porque sou mutável, sou mudança, sou um verbo que não vive de gerúndio. Eu sou cada gota que preenche o papel, sou a data, rodapé, cabeçalho. Eu sou tudo aquilo que cabe nesta folha em branco. Vou do nada ao tudo em segundos e me desmancho com um apertar de teclas, com o balançar da borracha. Sou quem eu quero e preciso ser. Sou o que escrevo ser!

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