Gosto da minha vida pacata. Sem muitas regras, mas também longe de grandes emoções. Não sei se a melhor palavra para defini-la é certa ou, quem sabe, chata! Meu um é um, nem mais nem menos. Não gosto de somas complicadas ou adições que possam me tirar muito do que não tenho. Pensar é o meu forte que só me enfraquece. Me afogo em esperanças ilusórias e realidades nem tão reais assim. Mas finjo que não percebo nada. Minto sem perceber, quando vejo já foi. Viajo quilômetros sem sair do lugar e acho que nada mais mudou. Uma vidinha normal que esconde fantasias mais que fantiosas. Tenho um lugar só meu, onde ninguém consegue chegar, nem eu. Quando a normalidade me chega e a culpa de ser tão igual me abandona, eu imagino como seria se eu pudesse arriscar um tiquinho mais. Mas, quando durmo, esqueço. Não lembro mais de sonhos que um dia tive e besteira que um dia, assim sem querer, murmurei. Acho desculpas para dizer o quero e depois procuro razões para não tê-las mais. Quando dormir, eu esqueço que um dia o meu tudo se fez nada e meu riso virou lágrima. Porque ainda não sei quem eu sou. A vida que tenho. Os medos que se transformam. Ainda não sei pra onde irei ou de onde eu realmente vim. Minha lucidez vai embora quando o sono vem. Quando dormir eu esqueço que vivo sonhando.
segunda-feira, 12 de julho de 2010
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Poema Enjoadinho
Vinícius de Moraes
Filhos... Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem shampoo
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!
Já não existe
O que eu quero já não existe mais. Eu só queria ter tido tempo de dizer adeus, mas tudo foi rápido demais. Nossos passos tomam dimensões que as vezes não esperávamos. Do grão de areia tiro montanhas. Dos meus risos, lágrimas.
E se eu sentir saudade? Tudo o que posso fazer é fechar os olhos e esperar que meus sonhos ainda tenham vestígios de onde você está. Seu rosto e sua fala engraçada não saem da minha cabeça.
Torço por um encontro, rezo por mais uma palavra, que valha mais do que quaisquer palavras. O que eu quero? Já não existe mais. O tempo levou, me deixou lembranças, marcas de um futuro incerto, que se desmanchou no primeiro balanço.