Ultimamente, muito se fala em mudar o mundo. Gente
encapuzada tentando acordar um suposto gigante adormecido na terra, lutando por
direitos que realmente se perderam pelo caminho. Não digo que a causa não é
nobre, muito pelo contrario. Acredito mesmo que o mundo gira ao contrario há
muito tempo. Para ser mais precisa, não me lembro de ter vivido em um mundo
limpo como esse que almejamos. Usando bem a sinceridade, eu não acredito, no fundo no fundo, que
essa idéia otimista de mudar o mundo possa ser real. Costumo agir como São Tomé
em casos assim: “só acredito, vendo”. Mas, contudo, no entanto, todavia... Eu
guardo em mim o anseio de um mundo melhor. E, sem querer parecer mais do mesmo,
eu morro de vontade de mudar o
mundo. Diria eu que com técnicas bem menos atuais, com ferramentas bem mais
simples, que conhecemos há alguns milênios e que de alguma forma ficaram
adormecidas ao lado do tal gigante. Eu queria que as mesmas pessoas que
estacionam os carros na esquina de protestos a favor do transporte público
tivessem a vontade de observar o rosto de uma criança que vende balas no sinal
sem nenhum tipo de julgamento. Queria que um olhar sincero, de míseros dois
minutos, fosse capaz de decorar cada traço de um sorriso amarelado quando as
mãos pequenas recebem um pacote de biscoito. Eu queria que percebêssemos quem
senta ao nosso lado no ônibus, quem segura a porta do elevador. Sonho com o dia
em que eu possa rir todos os dias, mesmo de mau humor, dos meninos que dividem
uma bicicleta que ganharam de um vizinho, do garoto descalço que se diverte
contando os pingos da chuva enquanto observa o céu mudar de cor. E eu realmente
queria que todo mundo percebesse o quanto é bom um abraço de mãe, um conselho
de pai, um cafuné da vovó. Todo mundo. E se todo o mundo percebesse a felicidade
em perceber o outro, talvez estivéssemos mais perto de manter o gigante de pé,
ou talvez ele nem precisasse dormir. Observar o próximo e sentir que de algum
jeito a gente pode ajudar acho que é a melhor sensação que Deus nos oferece. E
só temos que perceber isso. Todos nós.
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
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