terça-feira, 30 de setembro de 2008

Eu procuro um lugar pra me esconder, aonde eu me sinta segura, protegida. Do nada, sem perceber, me vejo escrevendo tudo o que morro de vontade de gritar. Tento me ocultar atrás das palavras, elas parecem não me trair. Eu falo só o que eu quero, tento te levar a perceber exatamente o que me convém. Eu te mostro as verdades e nas entrelinhas procuro declarar o que antes eu pensava ser indeclarável. São nessas linhas tortas e mal formuladas que eu tento fazer com que você converse comigo, ainda não consegui. Talvez seja normal demais, e não esteja acostumado a debater com uma simples página de internet. Eu faria o mesmo, me manteria quieta, esperando, ou não, que a covardia sumisse e que ao invés dessas palavras escritas, eu pudesse ouvi-las em pertinho do ouvido. Já tentei de outras formas, inventei histórias, procurei pretextos, mas nada me levou adiante. Continuo presa aos meus pensamentos que não conseguem se expressar de outra forma além de textos. Por isso não espero respostas, talvez seja esperar demais. Eu escrevo porque me sinto bem, quem sabe um dia o prêmio disso tudo seja você perceber que no fundo eu só queria que você me dissesse Oi.

domingo, 28 de setembro de 2008

Eu tenho um sonho


Eu me imagino em lugar diferente, com sonhos distintos,
metas dessemelhantes.
Eu apenas tento entender porque as coisas são como são,
porque ao invés de sair e fazer o que eu quero
eu tenho que ficar quieta sonhando com algo que talvez
nem aconteça. Mas meu sonho me faz feliz,
é ele que me faz sorrir, me empurra pra frente
e me faz enxergar, através da janela,
o mundo do qual eu quero fazer parte.
Já não me canso de cantar, mesmo que ninguém escute as notas saindo desafinadas. O meu medo não cala mais a minha voz. Todas as vezes que eu penso em desistir e me enfiar em algo mais fácil eu recoloco aquele filme que um dia me fez ter esperança. Esperança de seguir sabendo aonde quero chegar, de rodar e rodar e mesmo assim continuar de pé. As luzes me mostram o caminho, as pedras me deixam ainda mais forte. Eu acredito que se dessa vez não der certo eu ainda terei mais uma chance, mas alguma coisa dentro de mim me diz que um dia eu chegarei ao lugar que eu desenhei em minha mente, nem que seja só para descansar depois de toda a caminhada. Eu levo alguns sorrisos, alguns puxões de orelha. Já me fizeram desistir por um tempo, mas não tempo suficiente. O meu sonho é algo que vai, mas não se apaga de uma vez, eu sempre pude ver a luz através da fresta da porta. Eu não vou dizer que é fácil, eu nem ao menos sei se vou pelo caminho certo, mas por não conseguir fazer com que a vida espere eu encontrar o caminho, eu tracei um atalho, uma estrada alternativa, que eu acredito que mais cedo ou mais tarde me deixará no lugar certo. Eu alcançarei o meu sonho, eu viverei a canção, eu gritarei lá do alto pra quem não acreditou na força do meu coração. Já não tenho medo, pois do meu lado, eu sinto, tem Alguém muito maior.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Inutilidades


Eu me lembro de cada minuto,
Eu paro pra pensar em cada segundo.
Eu choro durante horas,
E percebo que o tempo não é capaz de apagar algo que já faz parte de mim

Eu corro pra ver se me afasto de memórias,
Eu ando tentando entender a estrada,
Eu paro tentando desvendar a saída
E percebo que nenhum caminho me afastará de você

Eu fecho os olhos para fingir que estou bem,
Eu abro os olhos e vejo o quanto estou mau,
E percebo, que abertos ou não, meus olhos sempre te enxergam.

Eu tento enganar a saudade,
Tento fugir da monotonia.
Eu tento sempre ficar perto,
Mesmo sabendo que nossa distância já é algo concreto.

Eu tento seguir os teus passos,
Quem sabe assim também fique feliz.
Se precisar, basta olhar para trás,
Pois mesmo sem querer, estarei bem aqui.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Ele


Ele disse que hoje aparecia. Mandou recado que de hoje não
passava. Perguntou por mim, mas senti frieza. Me faltava um
Q de interesse. E eu acho que os dias que pra mim parecem
anos, as semanas que se transformam em eternidade,
pra ele não significa nada mais, além de o tempo que
se faz presente em nossas vidas desde os meus seis anos de idade. Pra ele esse tempo longe é como qualquer outro, existe, persiste.
A saudade parece não assombrá-lo com a mesma eficiência
que a mim. Se ele soubesse o quanto me faz falta. Se ele ao menos parasse pra me ouvir. Ele nunca mais me levou pra sair, nunca mais me ligou só pra dizer que me ama. Ele me pede paciência, me cobra compreensão, mas seus atos me jogam para apenas uma conclusão. Eu já tentei entender o fato de ele precisar ficar longe, mas eu não consigo achar explicação. Se nada é substituível, por que eu sinto que tem algo em meu lugar? Por que agora parece existir outra prioridade. Eu não me importaria em ser igual a ninguém, o que me incomoda é receber menos. Não digo do dinheiro, a isso eu me acostumo. Eu falo da atenção, falo dos paparicos, falo daqueles olhares que você tinha guardado só pra mim. Eu não me sinto mimada, não me acho infantil, eu só queria que tudo continuasse como antes. Porque eu acreditei quando você falou: - Não vai mudar nada! Os meus ouvidos só queriam ouvir aquilo. Eu só precisava dessa garantia. Você me disse, eu acreditei. E durante muito tempo continuei acreditando mesmo sem ter prova nenhuma. Eu continuei me contentando com o pouco. Com apenas um abraço no dia dos pais. Com um almoço no meu aniversário. Eu entendi o fato de você ter que almoçar em casa no segundo domingo do mês de agosto. Mas isso tudo me mata. Me deixa um pouco mais triste a cada dia. E você nem ao menos percebe isso. Eu tenho tanto orgulho de você, mas é como ter orgulho de alguém que não é meu. É como se falar de alguém que vive longe, alguma celebridade. Eu só grito por um pouco de atenção. Um dia só pra mim. Eu não te peço dinheiro, não te peço para que venha morar comigo. Eu quero poder sentir mais uma vez o abraço mais apertado que alguém me deu. Eu quero falar do meu dia na faculdade pra quem mais prestava atenção. Eu queria sorrir pra quem nunca soube contar piada. Eu quero jogar minhas indiretas sobre o seu quase namoro com a mamãe. Quero perguntar da minha infância, relembrar aquilo que você me falava com um baita sorriso no rosto. Eu quero poder te abraçar e te chamar de pai. Quero fazer as pazes. E quero sentir que sou sua filha, a única e eterna princesinha do papai. Eu só queria ter você, nem que fosse por uma hora, todinho pra mim, sem precisar lembrar da minha madrasta cobra, como disse o professor. Queria que por mais uma vez fossemos somente eu e você no nosso mundo feliz. Porque você é o homem que eu mais amo nesse mundo. Porque você é meu herói, meu amor, minha fortaleza. E que agora se distancia me deixando sem chão.

Qual é o problema?

Eu começo a achar que o problema está em mim. No meu excesso de atenção, na minha fixação pelos detalhes. No meu medo do passo seguinte, minha supervalorização do agora. Na minha triste mania de tentar adivinhar o futuro, o querer deduzir aquilo que eu não vejo. O fato de querer sempre a segurança. Minha preferência pelo certo ao invés do duvidoso. É por causa do meu querer estar presa a algo conhecido, sempre. É o medo de arriscar e quebrar a cara. O medo de caminhar e depois querer voltar atrás. O perceber que nem sempre o caminho me oferece a ré. É o entender que mesmo que eu tenha uma segunda chance não saberia aproveitá-la, pelo meu orgulho sempre falar mais alto. É o querer está sempre certa, querer sempre o sim ao invés do não. É o não saber entender o talvez. É a minha falta de paciência pra viver uma coisa de cada vez, a minha falta de calma, a minha excessiva rapidez. É o querer atropelar tudo, agarrar o mundo. Minhas crises de riso fora de hora, meus ataques de euforia. É o querer culpar o inocente. O querer me fazer de vitima. É o perceber tudo isso e mesmo assim continuar parada, ilesa.